CARNAVAL NO BRASIL: Um olhar sobre os impactos socioeconômicos de uma das festas mais esperadas do ano, no Brasil.

Por Daniely Sousa da Silva Oliveira

by idehm

O carnaval, festa com origem europeia, chega ao Brasil por volta de quatro séculos atrás, trazendo em sua estrutura belas máscaras e fantasias estonteantes que eram apresentadas em animados desfiles pelas ruas e avenidas do Brasil colonial. Desde então, essa festa foi ganhando uma forma cada vez mais própria e acoplando, em seu conteúdo, o que há de mais típico do nosso país: A diversidade.

Com o passar do tempo, a festa se popularizou e fez surgir a primeira escola de samba do país, a “Deixa Falar” que mais tarde se tornou a “Estácio de Sá”. Esta escola foi, na época, responsável pelo invento do “surdo” e da “cuica”, instrumentos que se tornaram destaque muito rápido, quando o assunto é Carnaval e, tão logo, passaram a movimentar a economia no país.

Quando os instrumentos das baterias começaram a ser vendidos nas lojas especializadas, a cuíca enchia os olhos do público. Em 1934, na Casa David, ela era o item mais procurado, superando pandeiro, tamborim e reco-reco, que vinham em seguida. A embaixada francesa chegou a encomendar na loja dez cuícas para enviar para a França. E a 20th Century Fox queria mandar um exemplar para os Estados Unidos, no mesmo ano! (Leonardo Bruno e Gustavo Melo, 2012)

Os impactos econômicos não vieram apenas para o comércio musical. Como a festa foi se espalhando por todo o território nacional e, consequentemente, absorvendo aspectos culturais e sociais de cada localidade, novas escolas de samba surgiram. Foi aí que, no Sudeste, os campeonatos para escolha da escola mais animadas e bonitas passaram a ser organizados. Na região nordeste do país, a festa seguiu a estrutura mais tradicional, com carnavais de rua nas regiões de Recife e Olinda, e Trios Elétricos na região da Bahia.

No decorrer dos anos, a festa foi se mostrando importante, no tocante ao crescimento econômico do Brasil, mas foi em 2017 que o Carnaval mostrou um grande crescimento, movimentando R$ 7,73 bilhões. Com o constante crescimento foi possível vivenciar, em 2020, um aumento de 20% de crescimento na arrecadação proporcionada pela festa, quando comparada com o ano de 2019. A geração de emprego foi calculada em 25 mil vagas preenchidas, beneficiando diretamente toda a população e trazendo, não só impactos econômicos, mas também impactos sociais e culturais muito relevantes.

Com a pandemia de COVID 19 e o cancelamento do carnaval por todo o país, nestes últimos dois anos, muitos setores diretamente envolvidos com a festa acabaram sofrendo grandes perdas, e apesar do reconhecimento dos envolvidos sobre a necessidade da vacinação, foi inegável a necessidades de políticas de assistência à todos aqueles que tiveram suas rendas comprometidas com a não realização do evento. Muitas pessoas dependiam desse recurso: comerciantes, associações de coleta de resíduos, costureiras, seguranças, fornecedores de materiais, músicos, compositores, passistas e tantos outros profissionais envolvidos na produção da festa.

Para 2022, a perspectiva foi de que houvesse um faturamento próximo de R$ 6,45 bilhões, o que é um valor muito abaixo da média de faturamento dos anos anteriores à pandemia, que girava em torno de R$ 9,5 bilhões em receita. No entanto, é preciso se alegrar, pois apesar do cancelamento do carnaval em algumas capitais, já para este ano, é muito visível a desaceleração do quadro pandêmico, graças ao avanço da vacinação e isso significa que já estamos frente a uma retomada gradual das atividades no setor, e o mais importante de tudo: com a segurança que o momento pede.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ESCOLA, Equipe Brasil. “Carnaval no Brasil”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/carnaval-no-brasil.htm. Acesso em 21 de fevereiro de 2022.

GLOBO, Extra. “Primeira escola da história, a Deixa Falar nunca desfilou como escola de samba”. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/carnaval/80-anos-de-desfile/primeira-escola-da-historia-deixa-falar-nunca-desfilou-como-escola-de-samba-3703805.html. Acesso em 21 de fevereiro de 2022.

GLOBO, Extra. “Cuíca era a grande atração no começo das escolas de samba”. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/carnaval/80-anos-de-desfile/cuica-era-grande-atracao-no-comeco-das-escolas-de-samba-3660531.html. Acesso em 21 de fevereiro de 2022.

JORNAL, Nexo. “O prejuízo do ano sem carnaval. E o esforço para reduzi-lo”. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/02/12/O-preju%C3%ADzo-do-ano-sem-carnaval.-E-o-esfor%C3%A7o-para-reduzi-lo#:~:text=O%20impacto%20econ%C3%B4mico%20da%20festa&text=Segundo%20o%20Minist%C3%A9rio%20do%20Turismo%2C%202020%20foi%20marcado%20por%20recordes.&text=O%20resultado%20foi%20uma%20movimenta%C3%A7%C3%A3o,ante%2014%20milh%C3%B5es%20em%202019. Acesso em 21 de fevereiro de 2022.

BRASIL, CNN. “Com Ômicron e sem desfiles, Carnaval de 2022 movimentará 33% menos”. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/com-omicron-e-sem-desfiles-carnaval-de-2022-movimentara-33-menos-diz-cnc/#:~:text=perdas%20do%20turismo-,Em%20valores%20absolutos%2C%20o%20Carnaval%20de%202022%20ter%C3%A1%20um%20faturamento,R%24%202%2C78%20bilh%C3%B5es. Acesso em 21 de fevereiro de 2022.

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1 comment

Cicero 08/03/2022 - 7:56 PM

Muito legal a abordagem do ponto de vista econômico e financeiro, importante levar para o maior número de pessoas possível a importância que o evento tem na geração de emprego e renda não somente nós dias do evento mas durante todo o ano.
Parabéns pelo texto Daniely.

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